sábado, fevereiro 28, 2009

La bocca della verità


















Mesmo sem a oportunidade de recriar a cena de Audrey Hepburn/ Gregory Peck em Roman Holidays, já que cheguei demasiado tarde, ainda consegui fotografar este marco turístico incontornável da cidade eterna.
Talvez na próxima visita a Roma consiga ver o que acontece realmente ao dizer uma mentira...

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

João XXI

Depois de viver na avenida com o seu nome tive que vir até à pequena e bela cidade de Viterbo para ver o túmulo do único papa português.
Será ou não um testemunho à sorte dos nossos conterrâneoso facto de o único português a chegar a esta posição tenha morrido ao fim de menos de um ano quando lhe desabou o tecto em cima da cabeça? Quanto mais alto sobem maior é a queda?
Ironias à parte, o túmulo, ao contrário de parte da catedral, sobreviveu aos bombardeamentos da Segunda Guerra, permanecendo em Viterbo pelos séculos futuros

sábado, fevereiro 21, 2009

Novos desafios

Chegado a meio de um ano lectivo particularmente intenso, com responsabilidades regulares no Instituto Gregoriano (tornadas ainda mais intensas pelo aumento do horário lectivo que a Senhora Ministra da Educação tão generosamente nos ofereceu) e na Escola Superior de Música, mais uma grande quantidade de concertos em 2008, neste momento abrandados um pouco pela crise, assumi mais algumas responsabilidades. Um problema de saúde do meu amigo Pedro Teixeira levou-me a tomar temporariamente a batuta (metafórica) do Coro Ricercare e do Grupo Vocal Officium. Apesar de ter sido em circunstâncias difíceis e de ser um acréscimo de trabalho, tenho a dizer que é um prazer dar uma ajuda a grupos nos quais tenho vários amigos e cujo trabalho tanto respeito e aprecio.
Enfim, quem corre por gosto também cansa, mas recupera um pouco melhor ao fim da corrida. Só espero que o Pedro recupere rapidamente para voltar às suas funções regulares. As melhoras!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Mais Deolinda

Se o Movimento Perpétuo Associativo vem muito a propósito da vontade política de agitar as águas da sociedade (ou não), há outra música que exprime também muitíssimo bem o que é viver em função de pontos de vista alheios. Espero que em breve todos os que passam mal em virtude do bem dos outros possam possam inverter a situação

Mal por mal

Já sou quem tu queres que eu seja,
Tenho emprego e uma vida normal.
Mas quando acordo e não sei
Quem eu sou, quem me tornei
Eu começo a bater mal.
O teu bem faz-me tão mal!

Já me enquadro na tua estrutura.
Não ofendo a tua moral.
Mas quando me impões o meu bem
Eu ainda sinto aquém.
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que esperas que não desiluda,
Que por bem siga o teu ideal.
Mas não quero seguir ninguém
Por mais que me queiras bem.
O teu bem faz-me tão mal!

Sei que me vais virar do avesso
Se eu te disser foi em mim que apostei.
Não, não é nada que me rale
Mesmo que me faças mal.
Do avesso eu te direi:
O teu mal faz-me tão bem!


Movimento Perpétuo Associativo

A propósito do meu post anterior, penso que os Deolinda, presença habitual no meu iPod nos últimos meses, resumem na perfeição a questão. Por vezes enquanto se discute o nome para dar as coisas e tudo o que pode correr bem ou mal, adiamos a decisão até nada se fazer. Nas palavras sábia de alguém que muito respeito, Deixa ficar como está para ver como fica...


Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

-Agora não, que me dói a barriga...
-Agora não, dizem que vai chover...
-Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, e é esta a direcção!

-Agora não, que falta um impresso...
-Agora não, que o meu pai não quer...
-Agora não, que há engarrafamentos...
-Vão sem mim, que eu vou lá ter...


domingo, fevereiro 15, 2009

A rose by any other name...

Seguindo a afirmação do Primeiro Ministro José Sócrates de que o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo seria uma prioridade da próxima legislatura, como forma de acabar com a descriminação, a conferência episcopal anunciou que qualquer partido que defendesse estes interesses não seria um partido no qual os verdadeiros cristãos devessem votar.
Posteriormente esta afirmação foi clarificada, dizendo que a Igreja nada tem contra os homossexuais e os seus direitos, mas que está apenas a defender o genuino casamento, não estando de forma alguma a apelar aos católicos para que não votem no PS. 
Terminada a exposição tenho algumas dúvidas: 
Como é que a argumentação do PS para votar contr a proposta do BE no final do ano passado (não ser uma prioridade na conjuntura actual) pode ser deitada por terra pelo PS escassos meses depois? 
Como pode a mesma argumentação ser utilizada agora pela Igreja contra o PS? 
Como pode um Estado Europeu que tem na sua constituição a proibição expressa de discriminação baseada na orientação sexual ter que ouvir discursos de um Primeiro Ministro a dar o dito por não dito apregoando a importância da não descriminação como se fosse algo de novo? 
Por que razão temos de ter a União Europeia a afirmar que os casamentos realizados em qualquer estado membro têm de ser reconhecidos em todos os outros e ainda assim ser um debate se os casamentos devem ou não ser legalizados?
Por último, e o mais importante, qual a diferença para a Igreja ou para qualquer pessoa do Nome da Rosa? Se a homossexualidade é completamente errada, porque é que chamar Casamento, União Civil, Matrimónio,  Juntar os Trapinhos ou qualquer outra coisa tem que fazer alguma diferença para o efeito final? Se não é a questão da união em si que está em causa mas sim o que lhe chamamos, então algo está seriamente errado com as prioridades desta gente. Se não é apenas o nome mas todo o conceito e o nome é apenas uma desculpa, então temos um severo caso de hipocrisia.
Parece-me estranho, por último, que se dê tanta importância às práticas sexuais de cada um. A orientação sexual não tem nada a ver com a vida íntima de cada um, facto que a Igreja gosta de lembrar ao falar dos sacerdotes homossexuais. Se assim é, e uma vez que a Igreja não pergunta aos casais heterossexuais nada sobre as suas práticas sexuais antes de lhes dar o direito a casar, porque é que há de ser diferente com os homossexuais. É ainda pior tendo em conta que o casamento é, do ponto de vista civil e legal, um contrato celebrado entre duas pessoas. Se a vida íntima de cada qual não nos impede de pedir um empréstimo bancário ou de comprar um carro porque é que tem de interferir neste contrato em particular?
Se 10% da população é homossexual porque é que consideramos este tema como um debate fracturante da sociedade? Quer-me parecer que à data da mudança de legislação que permitiu os casamentos interraciais, muitas das etnias não caucasianas no nosso país constituriam menos de 10% da população, sendo isto verdade ainda nos dias de hoje. Para todos os caucasianos que me lêem de barriga cheia é bom lembrar que nos EUA, por exemplo, não somos considerados de raça branca, mas sim latina, razão pela qual não poderiamos até recentemente casar com pessoas que eles consideram brancas.
Terminando a conversa, penso que tudo o que eu penso se resume à frase que está num íman no meu frigorífico: Against gay marriage? Don't marry one!

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Serendipity

Há três anos, na Páscoa, escrevi o seguinte texto:

É Sexta-feira Santa. Por todo o mundo se relembra a morte de Cristo que se sacrificou pelo seu povo. Estando num país de tradição judaico-cristã todos nós sabemos que é uma das alturas nas quais a comunidade se aproxima e o amor anda no ar. Pois...
Este set up podia ser para falar da homilia do nosso papa, mas algo aconteceu hoje que põe tudo um pouco em perspectiva. Como é possível que neste dia, nesta época e neste país, em plena avenida de Roma, tenham abandonado um bebé de cerca de um mês nas escadas do meu prédio? Que tipo de pessoa é capaz de fazer isto? Haverá maior crueldade que abandonar assim uma criança sem saber sequer se vai ser encontrada com vida? Mais que isto, como terá sido o primeiro mês de vida desta criança com a sua mãe para que ela consiga fazer isto? E a pergunta mais importante, como e onde serão as próximas Páscoas desta criança?

Às vezes temos a felicidade de saber as respostas a determinadas perguntas, por mais retóricas que pareçam. Melhor que isso, há respostas que são mais positivas do que poderíamos imaginar. A escassos metros do prédio onde morava nesta altura encontrei um velho amigo que me disse que tinha visto esta entrada no belogue. Disse-me também algo que dá resposta à minha última pergunta. As Páscoas do bebé foram e serão passadas com ele, já que poucos meses depois da Páscoa de 2006 a criança foi adoptada por ele. Sem querer violar a privacidade de nenhum dos envolvidos, posso dizer que o meu amigo não tem tido uma vida fácil e que a sua vida foi certamente tão abençoada por este bebé como o contrário.
Quais serão as hipóteses de duas vidas se cruzarem desta forma e assim mudarem o seu destino? Quais as de um terceiro como eu se encontrar no meio desta colisão feliz? No meio de todas as coisas que correm mal todos os dias, tem que nos dar um pouco de esperança conhecer esta história.
Quando Einstein dizia que Deus não joga dados com o Universo não podia estar mais certo!